quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Tão Pouco

Falta tão pouco, que o pouco utilizado "pouquíssimo" cabe aqui.  
Falta tão pouco que não vale a pena desistir, correr, fugir.  
É uma lógica simples, depois de tudo que aconteceu, todo esse sofrimento.  
Abrir mão do que lutamos tanto tempo para conseguir não faz sentido.  

O que são 6 meses, 2 meses, um ano ou 5?  
O que é essa fração de tempo para quem não inicia nada e não tem perspectiva de fim?  
De fato, iniciar qualquer coisa não é fácil, concluir parece ser impossível.  

Impossível seguir em frente quando tudo tenta te segurar no lugar.  
Não é só uma luta interna de autoestima, medos e outras coisas que a gente finge que não existem.  
É o universo te segurando, pressionando contra o lugar confortável que você sempre esteve.  
Sair do ponto inicial é um esforço maior do que o comum, continuar em movimento então é uma impossibilidade comprovada.  

Nesse caminho tantas quedas, com os joelhos expostos em carne viva, sentindo uma dor inédita a cada passo.  
Já engoli tanto sapo que acostumei com o sabor; sempre dá aquela ânsia de vômito quando a gosma da pele verde do anfíbio passa pela garganta.  
Hoje em dia, engulo mais rápido que um refrescante copo de água.  
Já ultrapassei o limite do aceitável e me perdi dentro de mim, como uma rachadura no crânio me vejo sangrando em frente ao espelho.  
Quebrado, vazando, mas seguindo, por quanto tempo? Não sei!  

O que sei é que falta tão pouco...
Tão pouco...

Pouquíssimo, tão pouco.
O medo e as incertezas ficaram para trás; não porque as superei, eles estão lá e aqui de mãos dadas me obrigando a olhar para trás, segurando no meu pé às vezes escalando pelas costas, fungando seu cheiro de podre em minha nuca. Mas eu sei o sabor desagradável das costas asquerosas do anfíbio cru, sem sal. Ignoro e continuo fazendo o impossível ser real, quebrando a razão, todo quebrado por dentro (Sentir-se inteiro é um artigo de luxo). 

O esforço é para carregar dois; eu e as coisas que me puxam para baixo, até o próximo passo, com fortes dores no ego, tendo que reconhecer o que está errado, assumindo erros dos outros, me disfarçando de derrotado, num jogo de cintura sem fim.

Apesar de faltar pouco; sim é incrível como estou a poucos metros da “Chegada”. O impulso inicial não para, quando concluir e não ter que degustar o sebo das entranhas de sapo, finalmente poder gritar “consegui!”. A chegada é só mais um ponto de partida para outros objetivos, outras ideias melhores. 

O impulso inicial não para. Agora porém o corredor não é mais o mesmo, a jornada lhe deu músculos, resistência, coragem, "impaciência" e o principal: que é um hábito natural de ver as coisas se movendo, seguindo em frente, como um passageiro em um vagão observando a paisagem passar, o impulso inicial ainda está lá, fazendo o impossível existir, agora não dá para viver parado, outras coisas maiores virão e destinos mais longos além do horizonte virão.
É uma corrida de um homem só.....
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2 comentários:

Hiram Abib Nunes Rocha disse...

Atire a primeira pedra quem nunca desistiu faltando tão pouco para a realização pessoal... Meu filho, se você desistir, não vai haver história e nem exemplo. O mestre falou: "Na sua trajetória vai ter aflições, mas tenha bom ânimo, se Eu venci, você também vencerá!

Pauloeseusneuronios disse...

Obrigado pai.