domingo, 22 de abril de 2018

Vagão vago

Pessoas estão por todo lugar. Elas parecem estar vivas quando se movimentam para a estação, então quando o vagão para, elas ocupam seus lugares quase que automaticamente.
Quase que automaticamente todos os dias bilhões de pessoas no mundo inteiro, entram e saem dos vagões, muitas vezes elas continuam as mesmas, automaticamente conduzidas por uma pessoa, dentro ou fora do trem.
São bilhões de pessoas, sendo levadas de um lado para outro, pessoas com sentimentos, desesperadas, esperançosas ou até preguiçosas.
Pessoas que não queriam estar ali, fazendo o que não queriam, se deslocando para um serviço chato, na esperança de realizar um sonho, pelo menos um deles. Um dos sonhos do baú cheio de sonhos cintilantes esquecido num porão de uma vida qualquer, afagado pelo movimento das paisagens passando quando se senta numa janela; quando se senta? Já tá muito bom.
Não deveriam estar ali, não naquele horário, não indo para aquele destino, deveriam todos estar em qualquer outro lugar, quentinho cheio de amor. Mas se movimentam por dentro de túneis e pontes, sobre rios, ruas, casas e estações centrais, sentem o cheiro dos motores elétricos, o ruído dos trilhos, lamentam quando tudo acontece conforme o esperado.
Ou então são poucas as pessoas que realmente estão no lugar certo na hora exata, mas esses o sorriso inspira mona lisa. Pessoas assim não existem num feriado prolongado num transporte público, a menos que sua rota coincide em viajar de trem.
Para todas as pessoas as portas estão abrindo e fechando, há quem prefira uma estação ou outra. Mas na hora que o trem partir é melhor estar dentro de um vagão, cheio de desconhecidos indo para próxima estação

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