quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Alfinete diário

Todas as vezes que eu chego no mesmo ponto de ônibus, e vejo que ele está cheio. Eu temo.

Sempre que eu chego no mesmo ponto de ônibus de todos os dias e não tem ninguém nem uma alma viva. Eu temo.

Se eu chego em algum lugar e vejo o rosto familiar que não lembro da onde eu o conheço, não sei seu nome. Eu temo.

Sempre que estou na minha mesa e o meu superior me chama, só eu. Eu temo.

Quando são 22:00 de um Domingo de folga e eu nem vi o dia passar. Eu temo.

Não é um medo como alguém que tem uma fobia, mas são momentos de pequenas tensões, é um frio na coluna de uma alma calejada, que por experiência própria se prepara para qualquer tipo de notícia.

É quase uma premonição de alguma coisa pode acontecer, pode ser boa, pode ser ruim e na maioria das vezes não acontece nada.

Ultimamente tenho bastante disposição para enfrentar esses tremores.

Essas pequenas ansiedade com calafrio só  aparece para lembrar que você está vivo, que você é uma pessoa que comete erros, que se esqueceu do remédio para emagrecer, que tinha algum boleto escondido lá no fundo mais que profundo da caixa de correios, que o lápis sempre quebra aponta quando ele cai no chão, você sempre tem que pôr água na Kombi, não importa se é um erro de engenharia ou falta de manutenção, que é horrível a sensação de não reconhecer um rosto quanto te cumprimentam,  que você precisa confiar de verdade naquele que é antes de tudo.

Enquanto isso ainda estou no ponto de ônibus, o mesmo de sempre, e não aconteceu, as pessoas vem chegando, o ponto vai se enchendo e nada.

Nada mesmo

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